No vilarejo de Alaj Deo, situado próximo a 17 e 40, vivia o menino Ibn Kolya. Ele fora enviado pelos seus pais aos 12, para avançar nos estudos na escola do vilarejo. Assim vivia Ibn Kolya, longe do amor de seus pais, familiares e amigos, e somente tendo os anjos como seus protetores.
Na escola, ele fez de Naje, um colega de classe, seu amigo. Naje era uma criança solitária e problemática, devido ao relacionamento de seus pais.
O pai era conhecido na vila, pois era dono da única farmácia da cidade e também trabalhava como cura, fazendo trabalho de médico, de enfermeira, de parteira etc. Natuvil era um homem pequeno, vivia com sua esposa mulata, o filho Naje e uma menina bebê.
Ibn Kolya após as aulas escolares, almoçava e descia a rua calçada de paralelepípedos de granito até a farmácia de Natuvil, entrava porta adentro e passava as tardes brincando com seu colega de escola Naje.
Certo dia, combinaram sob ordens dos demônios, com Natuvil e sua esposa para assassinar Ibn Kolya. Segundo eles, o menino era portador de um grande sinal, acreditava os fanáticos que ele nascera para destruir seu mundo e sua religião, ele tinha de ser morto custasse o que for.
Então decidiram. Quando o menino chegasse na farmácia, Naje o convidaria para ir até certo local e lá, um assassino atiraria pondo fim no destino do menino.
Assim aconteceu, no período da tarde após voltar da escola e comer o almoço, Ibn Kolya foi ao encontro de Naje. Quando chegou a farmácia, Naje conforme orientação de seus pais o convidou para junto com sua mãe colher frutas.
Kolya foi levado a um local longe dos olhares de pessoas onde não tivesse testemunhas. Naje foi afastado astuciosamente pela sua mãe e Ibn Kolya foi orietando pela mulher a ficar esperando, enquanto eles faziam a colheita.
Conforme o combinado entre eles, cada um tomou sua posição no matagal para não ter erro, e a armadilha seria perfeita. O plano foi perfeito, o assassino era um caçador experiente, ex-militar e exímio atirador.
Ibn Kolya sozinho naquele matagal ficou sem entender as razões que seu amigo e mãe o deixaram ali, desaparecendo tão rapidamente, porém, os esperavam impaciente.
Foi então que sentiu como uma ferroada na cabeça, ele gritou sem saber na solidão: - "quem atirou esta pedra em mim"? Mal sabia ele que já estava morto no astral e seu espírito ainda não tinha se dado conta da morte.
Natuvil, experiente em ajudar como enfermeiro as pessoas da vila na hora da morte, foi até o corpo do menino e conferiu o pulso para ter certeza de sua morte – não havia vida naquele corpo. Um tiro certeiro pôs fim à vida de Ibn Kolya.
O corpo branco do menino franzino ficou jogado no matagal de grama alta. A sombra das árvores frutíferas fazia escurecer o local, o vento frio das sombras naquela região fazia a tarde mais soturna. Ibn Kolya estava morto por assassinato vil e covarde.
Por ali tinha uma mulher que ao ver o movimento das pessoas, escondeu-se para não ser vista, e assistiu todo movimento.
Então Kolya sem perceber que estava morto pensou: - "Naje e sua mãe não vão voltar para me levar de volta, preciso voltar para casa, vão ficar preocupados comigo".
Ele fez um esforço mental... e procurou uma saída. Avistou a velha que ajuntava gravetos para vender como lenha na rua e foi até ela. Perguntou-lhe a direção da saída. Ele estava perdido, e a mulher paralisada, branca e gelada de susto, como se tivesse visto um fantasma, resolveu dirigir-lhe a palavra: - "eu vi matarem você, vi você morto, você não pode ir para a cidade, seu lugar é no céu, se ficares aqui vais-te tornar uma alma penada". O menino insistiu e pediu a direção da cidade. Ela, então, mostrou a saída daquele matagal.
Ao entrar pelas limpas ruas de Alaj Deo alguns diziam: - "veja é o menino assassinado. Ele ressuscitou"!
Ibn Kolya sem entender o que acontecia, respondia a eles: - "Eu estou vivo. Veja! Ninguém me matou"! A notícia tinha corrido uma parte da cidade.
Algumas pessoas confusas olhavam para Ibn Kolya, que fugia correndo amedrontado delas e afirmava antecipadamente aos que o assistiam: – "Eu estou vivo, não sou fantasma, veja não tenho ferimento, sou de carne e osso como todo mundo".
O assunto foi encerrado porque ninguém estava morto e não houve, segundo eles, a necessidade de as autoridades levarem o caso adiante.